terça-feira, 17 de agosto de 2010

Garotos Podres: rock de subúrbio.

Garotos Podres foi uma banda skinhead da década de 80, nascida em Mauá, região do ABC. A julgar pelo nome, parece ser mais uma bandinha de jovens roqueiros sem noção. Mas, ao tomar contato com suas músicas, percebe-se logo o teor intelectual das letras, que fazem críticas ferrenhas ao capitalismo, ao imperialismo americano e à sociedade de consumo. O vocalista, Mao, doutor em História, hoje em dia é professor universitário e já participou de um telejornal comentando sobre as eleições em Cuba.
Abaixo, a letra de uma das músicas que mais gosto:

Escolas

Nas escolas
Onde a cultura é inútil
Nos ensinam apenas
A sentar e calar a boca
Para sermos massacrados
Pelo discurso reacionário
De professores marionetes
Controlados pelo Estado

Nas escolas
Você aprende
Que seu destino já está traçado
Pois querem os transformar
Em Cordeirinhos domesticados
Prontos pra serem transformados
Em operários escravizados

Querem nos transformar
Em máquinas
Para submetê-los
A cadência do trabalho
E horários embrutecidos
Pelos carrascos ponteiros do relógio

Me mandaram à escola
Para me dominar
Me mandaram à escola
Para me manipular
Me mandaram à escola
Para me escravizar
Me mandaram à escola
Para me domar

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Id, Ego e Superego.

Freud formulou uma célebre teoria segundo a qual a personalidade dos indivíduos é formado por três elementos distintos: Id, Ego e Superego.

Comecemos pelo Id. É a nossa animalidade, ou seja, os impulsos instintivos que nos tornam semelhantes aos animais, uma força que procura se satisfazer a todo custo. Apesar de seres racionais, nós, humanos, ainda possuímos, inconscientemente, tendência à agressividade e a desejos baixos e mesquinhos.

Já o Superego é uma força contrária ao Id, que impede este de se manifestar no consciente. É o produto da cultura e da civilização, as normas e valores morais adotados pela sociedade e que cada um de nós internaliza através da educação, para que o bom convívio social possa ser possível.

O conflito entre essas duas tendências opostas, Id e Superego, forma o que Freud denominou Ego, o “Eu”. É importante notar que crianças muito pequenas não possuem Ego. Basta observar que elas nunca se referem a si usando o pronome pessoal “Eu”. Um garoto que se chama Gustavo, por exemplo, em vez de dizer “Eu quero isso”, diz “Gustavo quer isso”. Isto ocorre porque a criança não desenvolveu ainda a personalidade, processo que se dá gradativamente através da educação.

Para ilustrar como esses três elementos psíquicos se inter-relacionam imaginemos a seguinte situação. Um homem está no elevador quando, então, entra uma mulher atraente. Os dois ficam ali, sozinhos. De repente, o sujeito é possuído por uma vontade irresistível de agarrar a pobre mulher, ali mesmo no elevador. É o seu Id entrando em ação. Quando se prepara para dar o bote, o elevador pára e entra mais uma pessoa, inibindo o homem de efetivar seu abuso. Agora é o Superego que está em cena.

Concluindo, o ser humano é esse animal diferenciado, dotado de cultura que, para conviver em harmonia com seus semelhantes, teve de abdicar de seus instintos, digamos assim, anti-sociais.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Junqueira Freire: poeta romântico.













Martírio

Beijar-te a fronte linda:
Beijar-te o aspecto altivo:
Beijar-te a tez morena:
Beijar-te o rir lascivo:

Beijar o ar que aspiras:
Beijar o pó que pisas:
Beijar a voz que soltas:
Beijar a luz que visas:

Sentir teus modos frios:
Sentir tua apatia:
Sentir até repúdio:
Sentir essa ironia:

Sentir que me resguardas:
Sentir que me arreceias:
Sentir que me repugnas:
Sentir que até me odeias:

Eis a descrença e a crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!

Eis o estertor de morte,
Eis o martírio eterno,
Eis o ranger de dentes,
Eis o penar do inferno!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Palestra com o psicanalista Ivan Capelatto


Palestra realizada pelo psicanalista Ivan Capelatto sob o título "O desejo", e que foi veiculada no programa Café Filosófico, da TV Cultura. Muito interessante, vale a pena dar uma conferida.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Augusto dos Anjos: o poeta pessimista.












O Fim das Coisas

Pode o homem bruto, adstrito à ciência grave,
Arrancar, num triunfo surpreendente,
Das profundezas do Subconsciente
O milagre estupendo da aeronave!

Rasgue os broncos basaltos negros, cave,
Sôfrego, o solo sáxeo; e, na ânsia ardente
De perscrutar o íntimo do orbe, invente
A lâmpada aflogística de Davy!

Em vão! Contra o poder criador do Sonho
O Fim das Coisas mostra-se medonho
Como o desaguadouro atro de um rio...

E quando, ao cabo do último milênio,
A humanidade vai pesar seu gênio
Encontra o mundo, que ela encheu, vazio!

domingo, 20 de dezembro de 2009

É Natal!

O natal se aproxima. No comércio, já se ouvem aquelas musiquinhas enjoadas. Dingo bel, dingo bel... Que saco! As ruas se apinham de gente, que corre contra o tempo para comprar os presentes. Tenho pena dos perus, nessa época são eles que sempre se dão mal. Meu, na boa, me dá vontade de esmurrar o Papai Noel – aquele “velho batuta”(leia-se filho da puta) - como era chamado pela banda “garotos podres”. Até hoje não sei o que se comemora nesse dia. Alguns dizem que é o dia do nascimento de Jesus. Como se Cristo tivesse nascido em 25 de dezembro. Já está provado que ele jamais poderia ter nascido nesta data. Enfim, mas quem é que quer saber de Jesus? As pessoas querem mesmo é encher a cara. Comemoração mais estranha, essa!

FELIZ NATAL!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um pouco mais de humor


Pai não entende nada

-Um biquini novo?
-É, pai.
-Você comprou um no ano passado!
-Não serve mais, pai. Eu cresci.
-Como não serve? No ano passado você tinha 14 anos, este ano tem 15. Não cresceu tanto assim.
-Não serve, pai.
-Está bem, está bem. Toma o dinheiro. Compra um biquini maior.
-Maior não, pai. Menor.
Aquele pai, também, não entendia nada.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O eterno retorno

Imagine a situação. Esta vida, assim como você a tem vivido, terá que vivê-la novamente. Não uma única vez, mas eternamente. E do mesmo jeitinho, nos mínimos detalhes, sem ser acrescentado nada de novo. Prazer e dor, alegria e tristeza, tudo o que já vivenciou retornará a ti. Você teria coragem de viver a mesma vida, infinitas vezes? Segundo o filósofo alemão, Nietzsche, se as pessoas pensassem assim, teriam suas vidas transformadas. Isso elevaria o que ele chamava de vontade de potência, a capacidade de dar o melhor de si, de criar, de inventar a própria vida. Também ajudaria aqueles que estão desamparados e ressentidos com a existência, ao motivá-los a reverter seu quadro, a buscar a superação. E você, leitor, já houve algum grande momento em sua vida que desejasse reviver, eternamente?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Um pouco de humor

Um bêbado mais 3 amigos estavam num carro correndo a 120km/h numa estrada de 40km/h, a policia parou o carro deles e perguntou :
-vocês não viram nas placas que só é permitido correr até 40km/h?
bêbado:
-você acha que a 120km/h eu ia ver alguma placa?
policial:
-posso saber quem são os quatros elementos do carro?
o bêbado respondeu:
- terra, água, álcool e ar...
policial:
-vocês estão brincando comigo né? deste jeito vou ter que tirar sua carteira...
bêbado:
-pode tirar, estou há 30 anos tentando tirar minha carteira e não consigo...

domingo, 11 de outubro de 2009

O autêntico reggae raiz


Quando se fala em reggae, no Brasil, logo vem à mente bandas como Natiruts e Chimarruts ou cantores como Armandinho e Edu ribeiro. Como se isso fosse nossa referência nacional. É um engano achar que estas bandinhas "mela cueca", pelo fato de estarem na mídia, representam o que temos de melhor no gênero musical. Você, leitor, já ouviu falar na banda Ponto de Equilíbrio? Na minha opinião, é a melhor do Brasil, com suas letras contestadoras e politizadas que abordam temas que vão da desigualdade social à espiritualidade. Abaixo segue a transcrição de uma de suas canções:


Ditadura da televisão

Na infância você chora, te colocam em frente da TV
Trocando as suas raízes por um modo artificial de se viver.
Ninguém questiona mais nada, os homens do “poder” agora contam sua piada
Onde só eles acham graça, abandonando o povo na desgraça
Vidrados na tv, perdendo tempo em vão

Ditadura da televisão, ditando as regras, contaminando a nação!

O interesse dos “grandes” é imposto de forma sutil
Fazendo o pensamento do povo se resumir a algo imbecil:
Fofocas, ofensas, pornografias
Pornografias, ofensas, fofocas
Futilidades ao longo da programação

Ditadura da televisão, ditando as regras, contaminando a nação!

Numa manhã de Sol, ao ver a luz
Você percebe que o seu papel é resistir, não é?
Mas o sistema é quem constrói as arapucas
E você está prestes a cair
Da infância a velhice, modo artificial de se viver
Alienação, ainda vivemos aquela velha escravidão.

Ditadura da televisão, ditando as regras, contaminando a nação!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O que é Anarquia?


Muitos associam, erroneamente, anarquia a caos, bagunça e desordem. Mas, na realidade, o significado etimológico desta palavra nada mais é do que "ausência de governantes". Num sentido mais abrangente, é a negação de qualquer forma de autoridade, dominação e coerção. O anarquista rejeita todas as instituições hierárquicas e tem como principais inimigos o capitalismo e o Estado, este último sendo instrumento de manutenção e conservação do primeiro. O ideal do anarquismo é uma sociedade justa e solidária onde os indivíduos, ao invés de competirem entre si, unem suas forças através do apoio mútuo, para que todos possam se desenvolver de forma plena, a nível material, intelectual e moral. Mais do que uma teoria política, é um sistema moral e ético que defende a igualdade nas relações humanas, para que a liberdade seja alcançada.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O mito de Sísifo e nossa vida


Quando atingimos um objetivo voltamos pra estaca zero, logo surge outro objetivo, depois outro, mais outro. No fim, o ser humano nunca está satisfeito. Sempre que carregamos a pedra até o topo da montanha, ela inevitavelmente cai, e é preciso recomeçar tudo de novo, num processo infinito. Como a vida é sem sentido, não? O mito de sísifo ilustra bem a condição humana.